Não é incomum na nossa profissão vermos mulheres arrasadas porque não conseguiram amamentar exclusivamente. Assim como a humanização do parto trouxe muitos avanços mas também prejuízos ao enaltecer um “períneo íntegro” ou o próprio parto normal, causando uma pontinha de frustração para aquelas que não conseguiram, o discurso de “leite materno é amor líquido” contribui para a culpabilização das mulheres.
Veja bem, não estamos falando aqui sobre mulheres que foram enganadas em suas cesáreas ou sofreram intervenções desnecessárias como a episiotomia. Estamos falando sobre indicações reais de cesáreas, que estão aí para salvar vida e trazerem bebês saudáveis ao mundo quando, por algum motivo, a natureza precisa de uma ajuda.
Estamos falando do uso de fórmulas lácteas bem indicadas para um recém nascido que está com problemas. Que perde peso maior que o esperado fisiologicamente, que se desnutre a olhos vistos mesmo após todas as intervenções para o sucesso da amamentação. É fato que a maioria dos bebês não precisa de nada além do leite materno e tem muita fórmula prescrita errado por aí. Mas alguns bebês vão precisar do complemento. E a gente queria dizer pra você que leite materno é maravilhoso mas não é tudo. Aceitar uma indicação de complemento também é amor. Seu bebê pode receber o complemento por formas alternativas como a translactação e ainda assim se beneficiar do seu leite, da troca de olhares e vínculo tão precioso nesse processo. Pense nessa intervenção como um medicamento. O uso pode ser temporário, em alguns casos não, mas seu bebê estará recebendo o seu melhor.
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