
O Inverno no cerrado é bem seco, o frio é extremo à noite, as noites são mais longas. O cenário é de muita vegetação seca, muita árvore pelada, um céu muito azul sem nuvens, alguma fumaça (por causa das queimadas), e contrastando com isso tudo: temos lindas cores das flores dos ipês.
E você sabe porque os ipês florescem exatamente no inverno seco? É o estresse causado pelo frio, pela pouca luz e pela seca, que aciona o relógio biológico das plantas, e indica que é hora de florescer. No momento de maior sofrimento do ano, eles perdem todas as folhas. A planta entende o estresse como sinal de que seu fim pode ser iminente, e, como resposta, busca produzir o máximo de sementes para deixar descendentes. Então a beleza que você vê, é um ato extremo.
Fazendo um paralelo, as recém-mães estão enfrentando um dos momentos de maior vulnerabilidade emocional da mulher que é o puerpério. E justo nesse momento, estão diante de uma das mais importantes missões: cuidar e nutrir uma semente delas no mundo, seus filhos. E mesmo levadas a situações extremas: a privação de sono, a demanda 24h do bebê, a falta de apoio, etc; estão prestes a florescer, ainda que não acreditem.
Ofertam aos seus filhos o melhor de cada uma. Mesmo que agora fiquem apenas com o mínimo, e se dispam de tudo que é excesso, perdem todas as folhas, ficam apenas com o tronco e os galhos. Deixam o ideal da perfeição para viver o real possível, buscando os nutrientes nas suas raízes mais profundas. É quando se pegam revisitando sua história, olhando de outra forma pros seus pais.
E pensando nas sementes que deixarão no mundo, as nutrem com as melhores intenções e valores. E como todo ciclo, esse também chegará ao fim. O puerpério dará espaço a uma primavera cheia de cores, folhas novas, e muita vida. As sementes começarão brotar!
E por enquanto: lembremos de olhar para a beleza dos ipês!
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Texto escrito por @alinefrancadoula, nossa queridíssima doula pós-parto e consultora de amamentação.
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