Sabemos o quanto uma pergunta dessas pode soar agressiva, mas é muito importante termos bom senso quando o que está em cheque é boa vitalidade geral do seu bebê e a sua saúde. É claro que no cenário obstétrico brasileiro atual, onde a porcentagem de cesarianas ultrapassa em anos luz o preconizado pelos principais órgãos internacionais de saúde, diversas mulheres são induzidas a uma cirurgia desnecessária, aumentando vertiginosamente os riscos para a saúde materna e fetal. Mas muitas vezes isso sequer é falado dentro do consultório, afinal, a agenda do médico prevalece sobre o que realmente importa.
Mas e quando a mulher busca um parto normal e por razões calcadas na responsabilidade técnica é conduzida para uma cesariana bem indicada? Hoje, a OMS referencia que de 10 a 15% das mulheres no mundo precisarão de uma cirurgia. E quando bem indicada, ela pode salvar vidas! Sendo assim, as chances de uma intercorrência tanto para a mãe quanto para o bebê diminuem, podendo por meio da interferência cirúrgica, diminuir muito os riscos para ambos. Mas é como dissemos: somente 10 a 15% das mulheres vão realmente precisar. E que bom que existe essa alternativa!
A mulher que deseja um parto normal mas o nascimento de seu filho ou filha é por via cirúrgica bem indicada, deve ser acolhida em sua frustração e conduzida de maneira clara ao entendimento do porquê isso ter acontecido. A busca por boas práticas na humanização tem crescido muito nos últimos anos também para diminuir a tristeza de mulheres que não desejavam passar por esse processo. Levar empatia, informação e compreensão a essa mulher é tarefa de TODOS na equipe.
O parto normal é muito saudável e os benefícios são incrivelmente maiores que os riscos, principalmente se comparado às cesarianas desnecessárias. É fisiológico e o corpo tem seus mecanismos para passar por esse processo de maneira inteligente. Mas quando existe um limite no processo e a cesariana é indicada, é preciso saber que a via de nascimento em nada vai influenciar a construção do seu amor ou do seu vínculo com sua cria.
Essa culpabilização não é bem vinda. Seu filho é.
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