É muito romântico pensar que após o parto teremos um grande apoio nas novas demandas. Sabemos que na prática, na grande maioria das vezes, a banda toca de outra maneira. Muitos pais, num ato de egoísmo, não entendem a importância de dar suporte para as mães e bebês. Querem seguir suas vidas sem quaisquer mudanças de dinâmica. Por consequência, ignoram as demandas genuínas de uma nova mãe, colocando sobre ela o peso dos cuidados, afinal "ela é mãe e sabe o que tem que fazer. Nasceu pra isso!". Spoiler: não sabemos.
Tem também as sogras e mães das mães que querem impor suas vivências, afinal, "eu tenho mais experiência, criei assim e sempre deu certo!". Ao invés de terem mais compreensão, burlam este suporte e seguem considerando suas vivências as únicas possíveis. Sem entrar muito no não-suporte que sogros e amigos que somem, porque simplesmente acham que não tem o que fazer neste período. Concluímos portanto que o patriarcado firmou-se e moldou o comportamento da nossa sociedade diante da amamentação e dos cuidados com o bebê e à puérpera, colocando nos ombros da mãe a grande carga. Ela que se vire, afinal, quem pariu Mateus que o embale. "Se quer minha ajuda, então tem que ser do meu jeito!". Em que momento perdemos a empatia? Em que momento excluímos o respeito pelas escolhas individuais de cada mãe e de cada família?
Certamente muitas de vocês falarão: "na minha casa não foi assim! Meu companheiro dividiu tudo! Minha mãe e sogra me deram todo o suporte! Meu sogro e meus amigos me ajudaram muito!". Lembrem-se que a grande maioria de nós, que temos acesso a perfis desconstruídos da maternidade, temos instrumentos para problematizarmos isso. Porém, grande parte das mulheres neste país tem suas maternidades moldadas pelo patriarcado. Compram essas responsabilidades para além de suas possibilidades, pois é a lei imposta. A maternidade se torna um fardo.
Amamentar é difícil pra caramba, não apenas num sentido fisiológico. Se não temos apoio, grande parte de nós desiste. E quem perde? Toda a sociedade.
A rede de apoio precisa ser uma teia forte em prol DA MULHER E DO BEBÊ.
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